Nos dias 17 e 18 de outubro aconteceu no Pico do Urubu o Festival de Voo Livre da Primavera. Este será o 7º ano em que o evento é realizado na cidade. O Pico do Urubu é um dos locais mais favoráveis à prática do Voo Livre na proximidade da capital paulista. Isso garante a vinda de muitos praticantes do esporte, e cerca de 1.000 pessoas passaram pelo festival em dois dias de evento, a maioria de São Paulo e cidades da região metropolitana.

O Pico do Urubu teve seu primeiro torneio em setembro de 1991, apenas para asa delta. Hoje compartilham do espaço as práticas de asa delta, paraglider, mountain bike, caminhada e contemplação de belas paisagens. Também, não é para menos: com uma altura de 1.160m acima do nível do mar, possui um topo no qual é possível ter uma visão a 360º de praticamente toda a cidade e arredores.

A principal peculiaridade do segmento de turismo de aventura é esse enorme potencial para a criação de novas modalidades, com diversos apelos que ligam o homem à natureza. Isso explica esse súbito interesse do público que, por consequência, aumenta a demanda do turismo na cidade. Alia-se a isso outro processo, talvez ainda mais recente e que diz respeito à junção do já conhecido ecoturismo ao jovem e não menos promissor mercado de aventura esportiva.

O crescimento dos esportes na natureza está vinculado às recentes aspirações de preservação e retorno à natureza. Com esse foco, Mogi das Cruzes vem provocando o desenvolvimento da prática de várias modalidades, entre elas, o voo livre.

O mirante Pico do Urubu já recebe aos finais de semana um grande público, inclusive de praticantes do voo livre. O voo livre é um esporte aeronáutico, que compreende duas modalidades: a Asa Delta e o Parapente. Essas atividades começaram a se desenvolver na cidade nos meados de 1988.

No Brasil, conta-se aproximadamente 180 pontos de salto espalhados por todo o país. Todos os espaços de voo, assim como as áreas de decolagem e pouso, são espaços aéreos condicionados e cadastrados pelo ABVL (Associação Brasileira de Voo Livre).

No Rio de Janeiro, por exemplo, contabiliza-se aproximadamente 1500 pilotos filiados. É um número bem expressivo, ainda mais se considerarmos os altos custos dos equipamentos necessários. Uma asa delta custa em média US$ 8 mil, enquanto que os equipamentos básicos de parapente, na faixa dos US$ 3 mil. Sem mencionarmos a despesa da mensalidade da associação, os custos do curso e a própria manutenção dos equipamentos. O investimento inicial é tão grande, que muitos o encaram como um empreendimento empresarial. E nesse caso, trata-se de um empreendimento rentável, haja vista que em períodos de alta temporada, alguns instrutores que fazem voos duplos chegam a faturar de forma expressiva.

Mas o crescimento dessas atividades não serve apenas ao desenvolvimento econômico. Nota-se que esse processo também vai atraindo novos adeptos, que buscam nesses esportes um suporte para suas vivências de lazer. Observa-se um progressivo aumento do número de saltos registrados na cidade, na ordem de 20% ao ano, segundo o Mogi Clube de Voo Livre.

A incorporação dos esportes na natureza, por regiões já consagradas, foi uma real possibilidade de diversificar o leque e ampliar o número de produtos turísticos oferecidos. Sobretudo, sabe-se que a tendência de crescimento desse mercado aponta na direção de privilegiar áreas que possuem acidentes geográficos favoráveis e que estejam localizadas próximas às grandes metrópoles.

Mogi das Cruzes, como cidade detentora desses indicativos e já prestigiado roteiro turístico, talvez agora possa se candidatar como o mais novo polo de Turismo de Aventura do Brasil. Uma cidade com notável potencial para o turismo em suas mais diversas manifestações.

 

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