A prática do birdwatching (observação de pássaros) é relativamente nova no Brasil. Apesar do país ter mais de 1.800 espécies de aves catalogadas, segundo levantamento do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, apenas nos últimos anos a atividade passou a ganhar adeptos brasileiros. Mogi das Cruzes tem um grande potencial para a modalidade, inclusive recebendo a visita de turistas estrangeiros, que ainda são a maioria entre os praticantes.
A observação de aves é uma atividade estimulante que cria uma interação maior com o ambiente. Além de outros fatores importantes como indicador de impactos, ajuda também a difundir noções de conservação ambiental.
As aves, como todos os animais, são importantes e úteis, pois realizam o trabalho de dispersão, de preparação e o controle biológico de populações de outros animais. Por exemplo, ao se alimentarem de frutos, se deslocam para diferentes pontos da floresta e dispersam as sementes, que ao caírem em solo contribuem para a regeneração da floresta. O beija-flor poliniza flores, urubus e gaviões removem restos de animais em estado de putrefação. As aves são indicadores da saúde ambiental, e além disso desempenham um papel importante na qualidade de vida das pessoas, pois elas enchem nossos olhos com sua beleza colorida, nos encantam com seus maravilhosos cantos, e seu modo de vida.
Para o biólogo Mauro Regalado, que desde os anos 90 pratica a observação de aves na cidade, o birdwatching tem papel fundamental na educação ambiental e ecoturismo. “Eu sempre falo da importância de Mogi e região como destino de turismo ecológico, principalmente do turismo de observação de aves. Recentemente, tivemos a visita de Jon Hornbuckle, o homem com a maior lifelist do mundo, junto com um grupo de amigos do Reino Unido”, disse.
Eles estiveram em viagem pelo Brasil e aqui queriam observar o Caburé-acanelado (Aegolius harrisii) e o Bicudinho-do-brejo-paulista (Formicivora paludicula), ave endêmica da nossa região e que está criticamente ameaçada de extinção. Muitos outros observadores de aves do Brasil e de outros países chegam aqui em busca de espécimes raras ou endêmicas. “Devemos começar a olhar para essa modalidade de turismo com mais carinho e quem sabe, despontar como outras cidades, abrindo frentes de novos trabalhos e ajudando na preservação da nossa rica fauna e flora”, finalizou o biólogo mogiano.
Em Mogi das Cruzes, existem locais próximos à zona urbana, nos quais todos podem iniciar a observação de aves conhecendo centenas de espécies sem fazer muito esforço. Os parques Centenário e Leon Feffer contam com mais de 70 espécies diferentes. Quanto mais se distanciar da área urbana em direção às regiões de florestas como a Serra do Itapeti ou Serra do Mar, mais espécies silvestres serão avistadas.
Para iniciar essa atividade são necessários alguns equipamentos básicos, como binóculos, roupas de cores neutras, como verde e marrom, calçados apropriados e resistentes à água, chapéu ou bonés e uma caderneta de campo, onde são feitas as anotações das observações realizadas.
A observação pode ser realizada de várias maneiras, desde a janela de casa, até os lugares mais atraentes do planeta, você certamente encontrará alguma ave para observar. Ficar parado no mesmo local, ouvindo e observando a movimentação das aves são as principais recomendações dos mais experientes observadores. Tente fazer um dia, pode ser uma atividade de lazer muito interessante, mais do que se imagina.
Amo as diferentes cores, tamanhos e sons dos pássaros. Bom preservar esse riqueza.️